domingo, 16 de novembro de 2008

Poesia de Outono (sem sair de casa)


Coimbra, 20 de Outubro de 1945.
FANTASIA
Canto ou não canto o limoeiro
Aqui ao lado?
Ele é tão delicado!
Tem um jeito tão puro
De se encostar ao muro
Onde vive encostado…
Canto ou não canto as tetas de donzela
Que daqui da janela
Vejo no limoeiro?
Elas são tão maduras…
E tão duras…
Têm uma cor e um cheiro…
Canto!
Nem serei o primeiro,
Nem eu sou nenhum santo!
(Miguel Torga, Diário III)

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