Ontem, parte da tarde foi passada na intemporal livraria Shakespeare and Company (fundada por George Whitman). Depois da tradicional visita a Notre-Dame (foi oblige) entrei neste santuário doutro tempo, no sentido que ainda resite à fúria turística, à agitação consumista e ao zapping cultural. Só pela antiga traça arquitectónica (antigo mosteiro do século XVI, onde ainda se vêem as velhas traves de madeira, estantes, nichos e cantos recônditos) merece uma visita, que se vai tornando, pouco a pouco, tão afectiva quanto literária. No meio da livraria aparece, sem aviso prévio, uma fonte sem água, mas cheia de pequenas moedas; ao lado a divisa "Live for Humanity". Podemos encontrar aqui todo o tipo de livros e outras publicações (novos, usados, raros, comuns); claro, a grande fatia em inglês: literatura, política, história e também muita coisa sobre Paris, ou não estivesse ela situada no coração da Velha Paris, à sombra das torres góticas de Notre-Dame (rue de la Bûcherie, 37 - Quai Montebello). No final dos anos 50, a Beat Generation, chegada recentemente a Paris, tem aí um dos seus lugares de culto. Um desses escritores (Corso) chegou a roubar lá vários livros, pelo que lhe foi interdito o acesso. Devaneios de escritores dados a coisas como o LSD. Podemos, ainda, encontrar nesta livraria (como decoração) originais manuscritos ou dactilografados e assinados à mão por Anaïs Nin, Henry Miller, Allen Ginsberg, William Burroughs, etc. Enfim, um paraíso para os anglófanos. Os parisienses gostariam de ter um lugar assim dedicado aos livros franceses. Chamar-lhe-iam "Rabelais et Compagnie"?
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1 comentário:
A livraria que o Hemingway, o Miller e companhia frequentaram? Isso será local de peregrinação obrigatória. Lugar santo para bibliófagos...
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