domingo, 31 de maio de 2009

Dies Domini (Pentecostes*)


Actos dos Apóstolos (Act 2, 1-11)

Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».
* Celebração cristã da descida do Espírito Santo, de uma forma visível, sobre os discípulos e a virgem Maria, reunidos no Cenáculo. Esta solenidade fecha o ciclo das festividades pascais e dá entrada ao ciclo do Tempo Comum.
No judaísmo trata-se de uma solenidade importante que encerra em si um significado muito diversificado, já que esta festa foi conhecendo uma evolução muito acentuada ao longo dos tempos. O nome mais antigo por que é conhecida era de "Festa das Colheitas" (Hag haqqâsír: Ex 23, 16). O seu carácter agrário está ainda bem presente numa outra designação por que era conhecida: a festa das primícias (Hag haBikkûrim: Ex 34, 22). Nela se ofereciam as primícias do trigo que eram trazidas ao Templo numa atitude de agradecimento pelo dom das colheitas. O nome de "festa das semanas" ou Hag haShavuôt põe em evidência a relação que existia entre a festa e a Páscoa. De acordo com Lv 23, 15-21, a festa era celebrada sete semanas após os ázimos, com a entrega da oferta do 'omer (o molho de espigas) completando assim aquilo que poderíamos chamar de "quadra pascal". Quanto à designação de "festa do Pentecostes", ela tem apenas um sentido temporal e pretende realçar o facto desta celebração ocorrer no quinquagésimo dia após a Páscoa, apesar da data não ser uniformemente aceite por todos os grupos judaicos. Juntamente com a Páscoa (Pesah) e as Tendas (Sukkôt) trata-se de uma das três mais importantes festas do calendário litúrgico judaico, chamadas "festas de peregrinação" (Hag haRegalîm), durante as quais todo o varão israelita devia subir, ao menos uma vez ao ano, a Jerusalém para aí se apresentar diante do Senhor, levando consigo as primícias da época em que decorria a respectiva festa. Progressivamente esta festa foi assumindo um significado de carácter histórico ligado ao Sinai como a "festa da renovação" ou a "festa da entrega da Lei".
Cfr. J. D. LOURENÇO, O mundo judaico em que Jesus viveu, UCE, Lisboa 2005.

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